segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Superfície da alma

Eu adoro superficialidades. Faço de tudo pra este blog sempre ser pseudoprofundo. Comparado a uma cárie que não chegou ainda na dentina. Não dói, mas incomoda bastante.

Ser superficial, pra mim, não é ser vazio. É muito além de ser alegre. Tem a ver com plenitude e saber vibrar de acordo com o ambiente. No fim, é deixar-se levar. Ser mais leve um pouco.
Para chegar até o lado oposto e perceber do que eu falo, lembrem daquelas discussões densas, que envolvem aqueles tipos irritantes, em geral leitores de orelhas de livros, defensores da música alternativa que ninguém conhece e das idéias furadas sobre intelectualidade. Discussão boa pra mim é sobre sabor de jujuba... Ou sobre como Paul McCartney perdeu o dente na década de 60.

Quando saio de discussões densas, tenho duas impressões: a de que eu sou mesmo muito chata e que preciso de álcool para ir até o fim. As duas impressões me deixam com dores de cabeça.

Pessoas leves são tão sutis ao se expor que você nem percebe a presença delas. Salvo pelo cheiro de baunilha ou de bala Soft que elas deixam no ar... Aquele cheiro doce e gorduroso dos parques de diversões, que ativam imediatamente os neurotransmissores de serotonina dos cérebros.
Quando falam, parece que tem uma sinfonia divertida acompanhando ao fundo essas vozes tão musicais (e sim, macias que nem um travesseiro). Não são monótonas como eu. São muito vivas e fazem gestos alegres, como que te chamando para o lanche da tarde. Adoráveis. E ponto.

Meu Deus, como eu adoro pessoas superficiais. São transparentes que nem água de nascente. Onde a gente nada, nada e nada, sem querer saber onde toda aquela pureza vai desaguar...
Acho que ficou profundo demais para um texto sobre superficialidades. É o que eu mais lamento às vezes. Não ser tão leve e etérea assim.

Conheci criaturas superficiais que são muito especiais em minha vida. Aprendi muita coisa com elas todas. Entre elas estão minha avó paterna; minhas amigas Tarsila e Jenny; minha tia Márcia; meu já falecido gato Fred; a escritora Lulih Rojanski e meu irmão Gabriel; a todos dedico este texto.
Valeu!

Listas: o fascínio – parte I

A lista traz uma espécie de ordem para a vida. Por um lado é fantástico. Lembro da minha época (áurea, para não dizer o contrário) do vestibular, em que elementos químicos, fórmulas físicas, acontecimentos históricos e regras (as velhas ) de gramática povoavam meus post-it`s e papéis usados (pois lista boa se cria em papel velho, como sacos de farmácia ou o próprio extrato bancário, por cima da marca d’àgua do banco). Não que fossem diminuir minha ansiedade ou provar que eu tinha conhecimento e lembrava da matéria. Afinal, não é nem um pouco bacana ver sua memória reduzida a pedaços de papel. Esquecer algo que estivesse entre alguma das listas era ultrajante. Era ser traída por mim mesma. E o mais engraçado é que nunca as usava para colar. Vai ver eu esquecia de usá-las ilicitamente em provas porque não colocava este propósito em lista nenhuma...Desde então, esta sina me persegue.
Uma das minhas explicações para o meu fascínio pelas listas é a desordem dos meus pensamentos. Meu cérebro é um fanfarrão. Prega peças em mim a todo instante. Por isso, adoro aquela sequencia de palavras, uma atrás da outra em fluxo... Aquela ilusão de organização... Aquele falso cuidado... Uma iminência de tomada de decisão.
Acho um barato a restrição que ela nos proporciona, no final. Por exemplo: “coisas que adoro comer”, “coisas que detesto comer”. Pode-se restringir: “coisas que não como que comecem com a letra D”. Lindo. Organizado. Quase chato. Um desejo intrínseco meu, confesso.
Esse tipo de coisa. Diria pra vocês que é um desafio fazer uma lista, no fundo. Imagina restringir a cinco itens as frases que a minha mãe mais falam que me tiram do sério. Pecaria ou por falta ou por excesso.
Mas existe um mistério acerca das listas (pelo menos as minhas) que nunca consegui desvendar.
Elas somem.
Sim. Inexplicavelmente, aquela compra de supermercado planejada e rabiscada some junto com a despensa do mês. E não, você não jogou fora junto com a caixa de cereais, você tem certeza. Seria mais fácil comê-la junto com eles...
Ou aquela pequena rota que foi feita para não se esquecer de pagar as contas, pedir cancelamento de carão ou ligar para a Dona Matilde. Você abre as gavetas no dia seguinte às tarefas e... pluft! A lista não está mais lá.
Minha conclusão não é o desfecho deste mistério, com toda a certeza.
De repente, algumas coisas de que lembramos é damos tanta importância não são assim tão relevantes para ficar no topo de nossa lista de lembranças.
É. Acho que dou muita moral pra caixinhas de suco que esqueço de comprar todo o mês.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Para tudo tem um tempo.

Por mais céticos que possamos ser, acreditamos em algum tipo de fluxo. Algum tipo de sucessão de acontecimentos, nas coincidências, na volta de Jesus, nas ações e reações, na justiça (ou injustiça). Que seja. Tem até aqueles que dizem que não acreditam em Deus, em Buda, em líderes, em oráculos... E, no entanto, acreditam em pessoas... Cada um com suas crenças. Eu, por exemplo, me considero bastante espiritualizada, mas não tenho religião. Acredito em várias coisas, e sim, em Deus. Desacredito em outras. Para tudo tem um tempo. Inclusive para eu deixar de acreditar em algumas e acreditar em outras.
E querendo ou não, é tempo de resoluções para o início do ano de 2009. Não seria eu a exceção insuportável e ridícula para dizer que não me importo com o ano novo que chega. Como todos os que sofrem, choram, passam por boas fases, aprendem, desaprendem, aproveitam e vivem a vida, tenho esperanças de pelo menos terminar o que começo e continuar a escrever minha história pelo planeta Terra.
Apesar de achar que ainda tenho muito pra fazer e pouco tempo pra executar, passei a acreditar que existem as épocas certas. Eu não acreditava em tempo bom e tempo ruim pra fazer o se quer. Tudo era muito aleatório pra mim. Pois, no fim, é difícil não querer tudo pra ontem. Sofrer de ansiedade. Manter válvulas de escape. Sofrer por antecipação.
Nesse ano que chega, espero só isso. Mais tempo. Não um ano, mas 365 dias. Assim, quem sabe teremos discernimento para perceber as várias épocas. Pensar um pouco no que fazer, no que dizer, no que esperar. Perceber as estações mudarem, ao menos.
Eu resolvi linkar pra vocês um vídeo de uma música que fala disso: de tempo, de ações (boas e más, pois humano é isso mesmo), de paciência e esperança. E fé também, por que não?

http://www.youtube.com/watch?v=EKHstR6ndus&feature=related


“Turn! Turn! Turn!” é uma música composta na década de 50 por Peter Seeger, que acabou sendo gravada por esses caras aí do vídeo, The Byrds, lá pela década de 60. Claro, acompanhava o ritmo de revolução, de mudança e esperança típicos desta década que ainda me encanta até hoje. Prova apenas que esperar pelo melhor nunca sai de moda; sempre está na iminência de voltar, como as pantalonas e os óculos grandes. Esta vesão é a mais conhecida e faz parte da trilha sonora de um dos meus filmes favoritos, “Forrest Gump, o contador de histórias” e agora, da minha vida. Foi baseada num trecho da Bíblia (Eclesiastes, 3.1- 8, não sei como funcionam essas divisões do livro, mas acho que é isso. É um livro do Velho Testamento, segundo as minhas fontes.). Aos dizeres do livro em que foi baseada a canção, apenas foi acrescentada a frase final: “a time for peace, I swear it's not too late”.
Confiram. Faz bastante sentido ao ser lido. E para quem tem o ouvido musical, faz mais sentido ainda quando cantado. Dá até vontade de dar uma dançadinha (tá, tá, confesso que eu que sou empolgada mesmo...)
Espero mesmo que entendam a mensagem. É o que espero de toda a minha vida. Mas, como nada pode ser tão perfeito assim, temos que passar por etapas: cada ano que termina e começa é prova disso tudo.
Acompanhem a letra também, ó:

To everything
Turn, turn, turn
There is a season
Turn, turn, turn
And a time for every purpose under Heaven
A time to be born, a time to die
A time to plant, a time to reap
A time to kill, a time to heal
A time to laugh, a time to weep

To everything
Turn, turn, turn
There is a season
Turn, turn, turn
And a time for every purpose under Heaven

A time of love, a time of hate
A time of war, a time of peace
A time you may embrace
A time to refrain from embracings

To everything
Turn, turn, turn
There is a season
Turn, turn, turn
And a time for every purpose under Heaven

A time to gain, a time to lose
A time to rend, a time to sew
A time for love, a time for hate
A time for peace, I swear it's not too late

To everything
Turn, turn, turn
There is a season
Turn, turn, turn...