domingo, 1 de agosto de 2010

Paladar

Ele tinha um mar em sua boca. Era um gosto muito salgado de mágoa (o mar tem mágoa de não ser oceano...). Foi o beijo mais triste que já provei, até em momentos felizes.
E a língua morna (nunca de Mar Morto) que se contentava apenas com o meu céu, hoje dançou por outra galáxia. E lá conversou com as estrelas, descobriu seus planetas e lhe prometeu outras luas. Mas não ao meu universo... Um universo todo feito de açúcar e canela. E a sede? Era infinita. Não passava. Era sede de mar... Daquela que resseca por dentro...
Mas água salgada não mata sede de ninguém. Água salgada não é potável. Ele me disse, com ares de poeta bandoleiro (a pior espécie que pode existir entre os poetas fajutos) que eu era doce demais. E doce demais enjoa e dá dor de barriga. Assim, liricamente...
E me perguntam sobre a acidez das palavras, como se não soubessem dos finais de todos os romances da vida. É porque o doce, alguma hora nessa vida, acaba por azedar...