terça-feira, 29 de julho de 2008

Palavras pra quem vai


Quando a vida chama, é bom atender. Tudo é novo agora, não? Todos te adoram, fazem festa, torcem, cortam bolos, batizam tuas bebidas... Mas acontece só uma coisa: pra mim, nunca haverá uma forma legal de se despedir. A melhor festa de todas nunca suprirá o lugar vazio na mesa jantar. Claro, nada pode ser positivo pra mim, sabes como eu sou! Mas não te preocupes. Não serei egoísta a ponto de te perturbar com saudades de telefones. Nem tu serás agora altruísta para te perturbares com eles. E nem somos dessas coisas, né, fera?
Apenas digo: segue, mano. Provas assim, terás sempre em toda a vida. Mas datas e momentos importantes longe de quem é importante pra ti também podem virar costume. Porém, não te derretas. Mas também, não deixa o coração virar uma rocha.
Conviver com outros mundos é libertador. Desde que se prenda ao objetivo de crescer e ser digno do que conquistou.

Agora, lembra aí:
- Tua saúde é teu tesouro. Só tu agora podes cuidar dela.
- Teu espaço pode ser invadido, sim senhor. Apenas não deixa ele ser violado.
- Lavar a louça não é o fim do mundo.
- Bagunça de fim de semana também não é.
- Gentileza SEMPRE vai gerar gentileza.
- Aceita a condição de que cresceste.
- A saudade vai apertar e sempre pode ficar mais difícil.
- Faz amigos. Mas daqueles de verdade, seu molenga...
- Nunca confunde liberdade com libertinagem. E se quiser praticar, não justifica uma com a outra.
- Ainda podes errar, a idade te permite.
- Perdoa não ter atentado para as despedidas da vida a ponto de não te conhecer o suficiente. Isso dá espaço para mais um item:
-Conhecer as pessoas da maneira mais pura e profunda é a mais incrível das experiências.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Da necessidade da inveja

É muito comum as pessoas reclamarem da inveja alheia. Tudo sempre gira em torno de fazer e sentir inveja. Invejar e ser invejado são condições. Pois bem, já sei em que condição eu me encaixo. Mas primeiro, devo deixar claro que nunca reclamei de inveja de ninguém. Péssimo começo, eu diria. Certa vez, em um grupo de dinâmica, foi perguntado a uma platéia em que eu me encontrava: “Quem aqui já foi vítima da inveja?”. Todos levantaram as mãos sem nem pensar. Repito: todos. Menos eu. Sério. Não lembrava de nenhuma situação em que qualquer pertence ou momento meus fossem objetos de cobiça de alguém (salvo os que eu mesma disponibilizei, diga-se de passagem). “Deve ser a pressão”, pensei. Todos devem passar por uma situação assim: te perguntam alguma coisa e você não sabe ou não lembra da resposta. É o fim quando existe essa pressão de responder logo... Perguntas na frente de platéias, dessas de levantar a mão ou dizer “sim” ou “não” deveriam ser totalmente proibidas. Ainda mais quando a platéia é de um grupo de dinâmica ou terapia! Fazem você se sentir um burro/tapado/lerdo, além de excluído, como me senti em relação à inveja.
Mais tarde me dei conta: ninguém tem inveja de mim. Se tivessem, tentariam me sabotar de alguma forma. Isso eu sei que não acontece, pois eu mesma me saboto. Se me invejassem, me olhariam feio ou torto. Também não ajuda, pois a minha aparência está acostumada a olhares. De pena. Devem estar pensando: “Que sorte a sua!”. Sorte? Gente. Não ser invejado não é bom. É ser tipo uma cor pastel. É passar despercebido ou arrancar comentários como :“Bela parede... que cor é essa, que nem aparece?”. Fato: quando alguém sente inveja de você, é porque algo de melhor você tem. De repente o mundo gira em volta de seu umbigo! Tudo fica mais claro! Aquela área da sua vida que está sofrendo abalos é alvo de inveja, com certeza! E, no auge da prepotência, pode-se esbravejar que “nunca nada dá certo porque tem um fulano que tem inveja de mim e quer ferrar a minha vida!!!!!!!!!”. E tudo isso com o apoio da platéia da dinâmica ou da terapia.
O engraçado foi a minha constatação. Claro, não pensem que eu coloco fé em todos os meus devaneios. Antes de me sentir mal, espero um aviso, uma confirmação concreta. A minha veio através de uma amiga, daí o “concreto”. Estávamos conversando sobre os estilos de vida adotados por nós duas. Para comentar meu comportamento diante de algumas situações, ela soltou: “ É difícil me imaginar no seu lugar. Não invejo sua vida.”
Não lembro bem do gosto que veio na boca naquela hora. Acho que foi de maçaneta. Ou guarda-chuva. Mas foi bem ruim. Humilhante. Como assim? Nem um amigo pra sentir inveja?? Cadê os amigos nessas horas? Ê maravilha...
De qualquer maneira, descobri que a minha condição é de não-invejada para invejosa.
Sinto inveja dos invejados.

domingo, 27 de julho de 2008

da série "detalhes" - MENTIRA DE AMOR


- Não fere.
- Faz bem para a pele.
- Noites incríveis.
- Nunca tem amigos, sai sempre sozinho.
- Ama tudo o que você veste, faz ou diz.
- Te quer feliz, todos os dias.
- “Você tem razão...”
- Adora seu irmão implicante.
- Deixa como herdeiros a raiva, a decepção e uma criança que não é sua.
- Acha você bom de cama.
- Diz que não vive sem você.
- Vive com você.
- Faz você largar os vícios e, quando some, te deixa sem mais nada.
- Lágrimas de crocodilo.
- Motivo pelo qual solitários desistem do amor verdadeiro.
- Aos amores de mentira, prato cheio.
- Os melhores cafés da manhã você toma nessa época.
- Proposta irrecusável para levar um amor adiante.
- Amnésia alcoólica.
- Dor de cabeça conveniente.
- É feia quando vem dos outros.
- É linda quando é pra salvar uma história de amor.
- É trágica quando é descoberta.
- Necessária.
- Dispensável.

Mentira de amor não dói. Mas não sara.

da série "detalhes" - AMOR DE MENTIRA


- Leva dois amores de mentira para passear; um no sábado e outro no domingo.
- Diz que vai sair com “amigos”.
- Dorme com os “amigos” que sai.
- Detesta sua roupa mais bonita.
- No fundo, prefere ser feliz a te fazer se sentir melhor.
- Não gosta da sua família.
- Sua mãe adora e quer que vocês casem.
- Deixa como herdeiros a saudade, os gêmeos ilusão e desilusão e uma criança de pais separados.
- Se perfuma pra sair sem você.
- Diz que não vive sem seu amor.
- Vive sem seu amor (e muito bem).
- Te deixa vícios diversos (inclusive o próprio).
- Lágrimas.
- Um alívio para os solitários.
- Os melhores pijamas do mundo você usa nessa época.
- É beleza que se põe à mesa.
- Promessas de resto da vida.
- Um amigo sempre avisa: “Toma cuidado...”
- Você nunca ama de mentira.
- Você precisa.
- Você viveu ou viverá; foi ou será.

Amor de mentira dói. Mas sara

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Ciclos


Este ano tem tido sabor de descoberta. De ciclos de vida. Não por experiência própria porque a vida alheia é bem mais interessante. Duas pessoas da minha família completam este ano idades significativas: 50 e 90 anos.
Não tenho nenhum dado esotérico preciso (esoterismo é preciso? E nos dois sentidos da pergunta?), mas posso usar por aqui a minha lógica numerologística (?). Bem. Cinqüenta anos é meio século. Muita coisa acontece em um século inteiro. Desde revoluções e guerras (se bem que a 2ª guerra mundial durou menos que uma década) até perspectivas históricas e ideais que mudam. Pois então: meio século é meio caminho andado. Parece que a metade de uma vida (a da Dercy Gonçalves, por exemplo) já foi vivida.
Pode ser “meio” cansativo ter 50 anos. Temos a idéia de que faltam coisas pra fazer. Mesmo quando o já feito já pareça bastante aos olhos dos outros (filhos criados, vida profissional estável, companhia pro resto da vida...). Por outro lado, é cretino pensar que uma vida está vivida aos 50! É preferível esperar por outros 50 anos que, pela estatística de Dercy, nos é de direito!
Então vem a outra idade: os noventa anos. Noventa por cento de um século, hein? Com a saúde envelhecida e os conceitos envelhecidos fica difícil acompanhar tudo e todos. A nossa capacidade de assimilação e absorção do que é novo fica menor. Ficamos lentos. E o mundo não contribui ficando mais rápido.
Imagina chegar aos 90 (anos)! Olhar para trás e ver o quanto foi feito, quantos venceram, morreram, perderam... É um estado um tanto contemplativo e observador. Porém, é uma sala de espera de um encontro fatal. A morte nesse ponto é certa porque se escapou muito dela. É fato: ficamos mais lentos, portanto, menos dispostos a escapar. Mas o mais incrível é o quanto a idade traz a serenidade necessária para aceitar os fatos da vida e da morte.
Percebo isso quando vejo o olhar e a postura de minha avó e meu pai. Meu pai, prestes a completar a 50ª primavera, tem ainda os olhos arregalados para a política e levanta a voz para o que é errado, podre, sujo ou tende para o desastre. Ele ainda possui muito poder de decisão nas vidas de meus irmãos (e minha, por que não?). Ainda arrisca um cigarrinho e uma cerveja aqui e ali. A saúde dá seus trancos, mas pô! Cinqüentinha?! Há muito ainda pra se discutir, tentar consertar... O médico vai ver a cara dele por mais 50 anos ainda... Pode-se terminar o que está incompleto e o corpo vai colaborar, eu sei!
Minha avó já completou 90 anos essa semana e tem os olhos mais cerrados... Apertadinhos, com rugas nos cantos. Não se assusta muito com os erros do mundo, de forma que já os previa, ou algo assim. O que a assusta (e muito!) é a perda gradual de sensibilidade e o desvirtuamento dos valores, onde o erro não é mais um processo de aprendizagem e sim, vício. Mas mesmo assim, mantém a postura calma na cadeira de balanço... Com a sua missão comprida (muitos filhos) e cumprida (todos criados, com poder decisão na vida dos outros...). Não reprova mais levantando a voz. Apenas um balançar delicado da cabeça e os lábios recolhidos para um lado só da boca já revelam a sua reprovação.A saúde é preciosa. O corpo é templo. É esperar. E, segundo ela mesma fala, esperar em Deus.

Dedico este texto à minha avó Lili, ao meu pai de criação e a Dercy Gonçalves. Agradeço a inspiração, o aprendizado e a esperança nas estatísticas.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

da série "detalhes"- O BELO DO RIDÍCULO


- Olhos inchados de manhã.
- Mau-humor três vezes na semana.
- Mudança de cabelereiro.
- Um presente da vó que pode ter ficado meio largo.
- Tropeçar nos pés.
- Item anterior na praça de alimentação de um Shopping sábado á noite.
- Roupas íntimas antigas.
- Nariz vermelho de espirro.
- Gagueira.
- Festa à fantasia (onde o único fantasiado é... adivinha?).
- Air Supply.
- Chaplin.
- Roberto Carlos.
- Cheiro de lavanda.
- Camisola de bolinhas com furo no sovaco.
- Qualquer blusa com furo no sovaco.
- Cofrinho aparecendo.
- Cabelos desgrenhados pelo travesseiro.
- Maquiagem demais, sombrancelhas demais.
- Maquiagem de menos, sombrancelhas de menos.
- Ter duas camisetas favoritas e antigas.
- Ter dois amigos favoritos e antigos.
- Virgindade por exclusão social.
- Promiscuidade por tentativa de inclusão social.
- Solitude de sábado à noite.
- Vazio de domingo.
- Rotina.

Isso é que dá não querer ser RIDÍCULO.

da série "detalhes"- O RIDÍCULO DO BELO

- -Escolher os sapatos de acordo com a cor do botão da camisa, não importando se o pé reclama espremido e implorando sensatez.
- Encolher a barriga todas as vezes que vai sentar achando que ninguém vai perceber.
- Passar três horas em uma cadeira, com alguém que não consegue pentear o próprio cabelo puxando o seu (“ Vai ficar DI-VI-NA”).
- Submeter-se à mesma pessoa para que seu cabelo fique três dias fedendo a amônia de mês em mês.
- Deixar de comer pão pra entrar em uma calça jeans.
- Comprar um vestido dois números menor achando que, deixando de comer pão, entrará nele.
- Abrir o armário e dizer que não tem nenhuma roupa.
- Olhar para o que os outros estão vestindo e achar que dizendo que “os brincos dela não combinam com o cinto” fará com que se sinta menos feio.
- Procurar defeitos.
- Achá-los em si tentando escondê-los.
- Lamentar-se por não se enquadrar nos próprios padrões.
- Não satisfeito, tentar enquadrar os que estão ao seu redor.
- Ser superficial a ponto de não querer saber o que existe por trás do mau-gosto.
- Definir “mau-gosto” como “não sabe se vestir”.
- Achar que Viviane Araújo se apaixonou por seus belos olhos.
- Acreditar que depois da prisão ainda haveria espaço na mídia.
- Não saber que o status de “cantor romântico” é tão ou mais terrível que “pagodeiro”.
- Por fim: não ter nenhum amigo verdadeiro pra avisar que tintura amarelo-miojo no cabelo é o fim.

Isso é que dá querer ser BELO.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Não dá mais tempo (em três atos)


(na frente do espelho)

Porque você, Josimar, acordou atrasado. Meses e meses se preparando (entre churrascos, rodadas de cerveja, futebol e pouco tempo pra mim). Pois é, Josimar. Não dá mais tempo. A moça disse, benzinho, não ouviu? “Depois das oito, ninguém entra.”. Cara teimoso você, hein?
Teima em achar que todos amam te pagar cerveja. Teima em comprar esses livros (com o dinheiro dos pais) que você nunca lê. Teima em levar seus 30 anos com a barriga (acredite, você tem uma. E é enorme). Teima em adiar o que quer fazer da vida. Teima em me cozinhar durante esses 5 anos de namoro. Teima em achar que eu não tenho mais o que fazer a não ser te esperar. Teima em dizer que ainda dá tempo.
Não dá não, Josimar. Não dá.
Chance assim, não vai mais ter. Ainda mais com o Orçamento. Não sei te explicar direito o que o Orçamento tem a ver (eu fiz Economia Doméstica, não sou obrigada a saber. E você, que fez Administração?). Mas ele ta aí, mandando e desmandando oportunidades como essa, que você acaba de perder.
Você não pensa na aposentadoria, Josimar? Quem vai te sustentar? Tua mãe, com cheques psicografados do Além? Eu? Nem morta! (e falo sério). Aliás, Josimar, você não pensa em nada? Tens relógio aí? O tempo passa! E dele não tem mais pra você.
Aah, claro... ora veja... Você acordou. Mas foi tarde demais. Passou da hora. Portões fechados, lembra do que a moça falou? Nunca mais você vai ter chance assim, ouviu?
NUNCA!
Por isso eu cansei de te esperar. Ei, Josimar, cansei de você. É inútil querer crescer do teu lado. Larguei de mão. Amanhã mesmo vou dar um pé na tua bunda e te mandar passear e crescer, seu cretino! Você acha que eu, uma mulher independente, bem criada e bem-sucedida vou querer casar contigo??????? Se você tivesse ao menos pedido a minha mão... Pra eu ter o prazer de falar um “NÃO” bem sonoro na tua cara, animal!

XXX
(encontrando com Josimar)

- Escuta, eu tenho que falar com você uma coisa muito séria...
- ...poxa, linda... Senti tua falta depois daquela vacilada que eu dei ontem... Tsc... me atrasar no dia da prova do concurso, né? Que animal que eu sou... Ainda bem que você tá aqui... Não seria o mesmo sem você. O que você ia falar mesmo?
-... Er... é que abriu um edital novo pra outro concurso...........................................

XXX
(novamente na frente do espelho)

Pensando bem, não dá mais tempo. Vai que você resolve me pedir em casamento... Passei dos 30. Melhor não arriscar.


sexta-feira, 11 de julho de 2008

Eu, a Ellen, seus olhos grandes e azuis e a P... da entrevistada.


Saí um pouco do quarto pra fazer coisas de gente normal. Dar uma volta pela sala, ver qual é a do pátio, passar pra fazer aquela visitinha na cozinha e conferir as novas da família. Nesse espaço de tempo, sentei no sofá pra encontrar o motivo que fez meu pai assinar os pacotes de canais daqui de casa. Mentirinha... É que eu sei o horário do programa da Ellen DeGeneres.
Ellen DeGeneres é uma atriz que ficou mais famosa por assumir publicamente sua homossexualidade do que por ter feito um ou outro trabalho na TV americana. Perdoem a ignorância do meu mundinho verde, meus queridos, mas não lembro de nenhum trabalho relevante dessa moça na minha vida. Até hoje. Fato: ela apresenta um programa de TV e eu assisto. Até hoje.
De primeira, posso dar as impressões: Ellen é metida a engraçadinha, faz umas dancinhas feias no meio da platéia comprada e solta aquelas piadinhas sem graça que brasileiros não entendem. É...
E hoje, ela quase me fez quebrar a televisão. Não sei se puderam notar meu proposital aborrecimento sarcástico com esse programa e sua respectiva apresentadora. É mais uma explicação besta, confesso... mas vai lá.
Aquela loira filha duma égua levou uma louca que promove encontros com milionários em uma espécie de reality-show para ser entrevistada naquela droga de programa!( E a raiva me faz escrever períodos longos sim!)
Tudo bem, estamos acostumados com entrevistados do Jô e suas profissões esquisitas... Não me irritou o convite em si, mas o que aquela P.. .de entrevistada falou.
O que eu me lembro: entra a convidada, senta na poltrona ao lado de Ellen e a edição mostra um VT, com a cidadã dando uma bronca em possíveis candidatas a futuras viúvas de milionários setentões. Segue o resumo do que ela latia.
P... da entrevistada: “Primeiro, eu não gosto de cachos. Vocês que têm cabelo cacheado, alisem já! Homens gostam de passar as mãos em cabelos sedosos e macios, não nessas palhas e ninhos de morcego que vocês me apresentam. E tem mais: mulheres de cabelo curto, coloquem extensões.”
Levantei do sofá irada. Ela tocou no meu ponto fraco! Meu cabelo é cacheado e agora tá curto! Não, não... esqueçam das discussões sobre os “padrões impostos pela sociedade”, sobre a declaração nojenta dessa P...de entrevistada... Temos pessoas mais bem capacitadas pra escrever sobre isso. Não tive aquela atitude de sair levantando bandeiras a favor do cabelo crespo e dos cortes curtos (“não à chapinha!”, “tesouras comandam!”). Não queria. Não conseguia. Naquele momento, me deixei levar pelo direito de me sentir totalmente excluída. Deixei as bandeiras de lado e mastiguei toda aquela revolta entre duas fatias de pão. (Minhas revoltas são assim. Pacífico-gastronômicas. E totalmente individualistas.).
Agora que me dei conta de que em nenhum momento passou pela minha cabeça que o cabelo é o ponto fraco de qualquer mulher. E que, com certeza, muitas que têm o cabelo cacheado e/ou curto se sentiriam (ou já se sentem) ofendidas com o comentário da P... de entrevistada. Mas foi um momento muito meu, na verdade: eu, a Ellen, seus olhos grandes e azuis e aquela P... de entrevistada...
E mais! Imaginem que depois fiquei pensando sobre o fato de ter me incomodado com a declaração da P... de entrevistada. É um golpe duro saber que você se importa com a opinião alheia. Eu? Ficar triste por me dar conta de que posso não agradar um velho babão milionário? Que decadência...
Mas... Por que tanta hostilidade com a simpática loirinha engraçadinha? O que a Ellen tem a ver com a minha auto-estima, caramba?
Ué. Nada. Ela é rica, loira, arranjou uma linda noiva e não precisa agradar velhos ricos. Ah, deixem eu ficar mal-resolvida um pouquinho e descontar minha raiva nela, vai...

Em tempo: Eu gostaria muito de colocar imagens aqui nestes textos... Mas ando apanhando da internet... Não consegui colocar nem foto no meu perfil ¬¬... Mil desculpas pela crueza...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

"Sobre estar só..."


Eu tenho propriedade para falar sobre solidão. O que vocês esperariam de alguém que vive dentro dum quarto?
A princípio, devo dizer que ficar só não é ruim. Toda essa novela que fazem sobre a tragédia da solidão é balela. Uma desculpa muito da sua esfarrapada para vender revistas de temática adolescente ( com dicas de como “causar” na “balada”, arrumar um “gatinho” ou como medir a temperatura do namoro) e as próprias novelas (nos finais, nem o vilão fica sozinho, pois ele sempre morre...).
Cheguei à conclusão de que o que torna os solitários marginalizados são os não-solitários. A culpa é sim do casalzinho de namorados da pracinha tomando sorvetinho e falando um com o outro no diminutivo. A culpa é do casal de velhinhos de “Último romance”. É do Rodrigo Amarante que não tinha nada pra fazer e compôs essa música. A culpa é dos compositores e poetas que compõem sobre a solidão! Sempre fazem dela um suplício! E eles sabem lá o que é ser só?
Pois eu sei. E é uma maravilha, tá? Não divido banheiro com ninguém, por exemplo. Fico imaginando a cena com alguém abrindo a porta do nada. Nada contra, só acho que é uma questão de química. Os cientistas dizem que o cheiro conta muito nos relacionamentos... Pois é. Posso fazer minhas necessidades tranqüila, sem ninguém pra me incomodar. Nem pra dizer que eu sou bonita, ou que eu fico melhor sem maquiagem, ou que eu pareço um anjinho dormindo...
Vou ao cinema só. E é bom, ninguém me atrapalha. Não fazem comentários no fim (comentários do fim não servem pra nada, pois nunca mudam os fatos da história. Não sei pra que isso), não pedem minha pipoca nem meu refrigerante. O negócio pega é quando o filme é chato. Já tentei engatar uma conversa no meio de um filme chato (“Consegue ver as horas?”)... Nunca façam isso. Levem alguém com vocês. A namorada dele pode não gostar...
Eu cozinho pra mim mesma! Olha só, que mágico. Meu macarrão é muito bom. Elogio sempre. Engordo sozinha também.
Meus sentimentos, eu não divido. As alegrias das boas notas da faculdade, dos elogios ou da felicidade expressa (aquela que dura um dia) são só minhas. Deixa comigo, eu saboreio só. As tristezas é que são meios indigestas... É preciso um estômago de avestruz de vez em quando. Ou alguém pra compartilhar.
Tenho muitos momentos para refletir. É bom ter um tempo para si. Você observa onde está errando nos seus relacionamentos. E como eu não tenho nenhum, sobra mais tempo pra eu ficar me perguntando por que eu sou tão solitária.
Ó. Aí veio de novo. A mania de se rebaixar porque é sozinha... Nada a ver isso. É muito legal ficar só. Viram que vantagens?
Tá, eu percebi sim. As desvantagens têm um tamanho descomunal. Eu sei disso. Mas vejam só o lado bom. Para desfrutar das vantagens integralmente, é até preferível saber de cor as desvantagens! Desbravá-las sem medo. No fim, você se torna merecedor de todas as vantagens, sendo que já passou por todas as duras e catastróficas desvantagens. Ei! Peralá! Isso é uma vantagem! He, he... Tentador, não? O que vocês acham de entrar pro clube, hã? Maravilha, hein? Todo mundo sozinho, curtindo... O que vocês acham? Não estou ouvindo... Cadê vocês? Hein? Podem falar mais alto, tá?
Alguém?
...

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Um nome


Resolvi escrever para contar como foi que eu cheguei ao nome do blog. Sabe, eu acho meio pateta explicar algumas coisas. Coisas tipo nomes. Se foi esse o nome que eu escolhi, é esse e pronto, não? Mas preciso confessar a vocês que sofri um vazio criativo depois de assistir “CQC”, aquele programa do Marcelo Tas que passa na Bandeirante...
Gente, depois da enxurrada de criatividade, pensamento rápido e habilidade com as palavras que eu vi ali, me desculpem... Bateu aquela burrice... Não escrevia mais nada sem odiar e jogar fora.
Deixando o complexo de mediocridade de lado (por um momento apenas, não se acostumem), vamos aos nomes. O primeiro deles foi “Alma de borracha”. No caso, seria a referência de uma referência; este é o nome de um disco de 87 (se não me engano) do Beto Guedes, cantor mineiro adorado por mim. “Alma de borracha” também é a tradução de “Rubber soul”, álbum dos Beatles. Beto, assim como eu, é beatlemaníaco. “Rubber soul” é o meu xodó dos Fab4. Simplesmente VENERO este álbum.
Dessa forma, “Alma de borracha” só seria uma identificação de coisas que eu gosto, não sendo tããão óbvio. Claro, significados mil poderiam ser atribuídos ao nome, mas não é intenção minha. Tudo foi por água abaixo quando descobri que já havia um blog com esse nome. Ok, a busca continuou, passando por flores (“Margarida psicodélica”, e não me perguntem o motivo...); frutas (“Pé de melancia” [?]); sabores (“Azedume magnético”), infância (“Bodoque atômico”)... e tudo isso sem sucesso de englobar a proposta do blog (que cá entre nós, nem eu mesma sei).
Resolvi apelar para o maior clichê de todos: o NADA. É, crianças. Cheguei à pérola “Extremo do nhé”. Para quem não sabe, “nhé” é um barulho de velho. Velhos fazem barulho, a saber. Juntamente com “hein?!”, “ãhn”, “humpf”, “quem?” e “nhan”, o “nhé” representa o enfadonho, o ápice da chatice e da reclamação. Fiquei com essa idéia na cabeça até, mais tarde, achar uma comunidade do nosso querido ORKUT que conseguia definir o dito “Extremo do nhé”. E para isso, arranjou a interjeição mais bizarra ainda: “Bleh”. Assim. Com maiúscula e sem nenhum ponto de exclamação no fim...
Aí não deu. Putz, eu pensei, assim já é demais. É ser rabugenta ao extremo! E é preciso uma fachada mais simpática para conseguir leitores, hein?!
Depois da triste constatação de que eu sou mesmo muito monótona (assim, em pessoa), resolvi ir para o meu quarto e escrever. Só que não saía nada! Olhando para as paredes, o lençol e meus sapos de pelúcia (adivinhem: todos na cor verde...), pensei que esse negócio de blog não ia dar certo, já que eu não tinha nem um nome decente e muito menos o que escrever no primeiro post.
Estou finalizando o post e, que engraçado, consegui o nome e o assunto do primeiro texto!
Acho que vou passar mais tempo do que eu imagino dentro deste quarto...