segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Listas: o fascínio – parte I

A lista traz uma espécie de ordem para a vida. Por um lado é fantástico. Lembro da minha época (áurea, para não dizer o contrário) do vestibular, em que elementos químicos, fórmulas físicas, acontecimentos históricos e regras (as velhas ) de gramática povoavam meus post-it`s e papéis usados (pois lista boa se cria em papel velho, como sacos de farmácia ou o próprio extrato bancário, por cima da marca d’àgua do banco). Não que fossem diminuir minha ansiedade ou provar que eu tinha conhecimento e lembrava da matéria. Afinal, não é nem um pouco bacana ver sua memória reduzida a pedaços de papel. Esquecer algo que estivesse entre alguma das listas era ultrajante. Era ser traída por mim mesma. E o mais engraçado é que nunca as usava para colar. Vai ver eu esquecia de usá-las ilicitamente em provas porque não colocava este propósito em lista nenhuma...Desde então, esta sina me persegue.
Uma das minhas explicações para o meu fascínio pelas listas é a desordem dos meus pensamentos. Meu cérebro é um fanfarrão. Prega peças em mim a todo instante. Por isso, adoro aquela sequencia de palavras, uma atrás da outra em fluxo... Aquela ilusão de organização... Aquele falso cuidado... Uma iminência de tomada de decisão.
Acho um barato a restrição que ela nos proporciona, no final. Por exemplo: “coisas que adoro comer”, “coisas que detesto comer”. Pode-se restringir: “coisas que não como que comecem com a letra D”. Lindo. Organizado. Quase chato. Um desejo intrínseco meu, confesso.
Esse tipo de coisa. Diria pra vocês que é um desafio fazer uma lista, no fundo. Imagina restringir a cinco itens as frases que a minha mãe mais falam que me tiram do sério. Pecaria ou por falta ou por excesso.
Mas existe um mistério acerca das listas (pelo menos as minhas) que nunca consegui desvendar.
Elas somem.
Sim. Inexplicavelmente, aquela compra de supermercado planejada e rabiscada some junto com a despensa do mês. E não, você não jogou fora junto com a caixa de cereais, você tem certeza. Seria mais fácil comê-la junto com eles...
Ou aquela pequena rota que foi feita para não se esquecer de pagar as contas, pedir cancelamento de carão ou ligar para a Dona Matilde. Você abre as gavetas no dia seguinte às tarefas e... pluft! A lista não está mais lá.
Minha conclusão não é o desfecho deste mistério, com toda a certeza.
De repente, algumas coisas de que lembramos é damos tanta importância não são assim tão relevantes para ficar no topo de nossa lista de lembranças.
É. Acho que dou muita moral pra caixinhas de suco que esqueço de comprar todo o mês.

2 comentários:

carmim disse...

ai, que bom que vc escreveu esse texto! ri demais aqui...eu tbm tenho mania de listas! não consigo ficar sem!

Francisco Filho disse...

hahaha
vc é uma one of a kind!