Não é que eu tenha voltado. Muito menos que a vida ande menos agitada que o costume novo. Continuo trabalhando, estudando e sem o menor tempo pra pensar no quarto verde. Nem no próprio quarto verde, o que dá nome a esse espaço, eu tenho dormido. Mas posto aqui pela velha e insana necessidade de escrever, amados...
Tudo o que tem acontecido nestes últimos dias contribuem para este post. Desde experiências alheias até as minhas próprias, também alheias.
Não lembro se cheguei a comentar aqui que faço faculdade de Letras. Se não, está aqui informado. Guardem esta informação. Ela é fundamental para que vocês entendam a minha relação com as palavras.
Fato maior é que ando meio preocupada com as pessoas no mundo. As do meu mundo, claro... Não sei, mas parece que elas não andam mais atentando para o que falam, o que prometem, o que precisam cumprir, honrar...
É muito difícil para mim, um alguém que ama lidar com palavras na vida e na carreira, ouvi-las e não relacioná-las ao significado na minha vida e ao que elas vão me proporcionar como conseqüência.
Certo, as palavras são importantes. Mas para mim, chegam a ser sagradas. EU tenho um pouco de obsessão com comunicação e expressividade. Por isso, tomo o maior cuidado quando vou usá-las.
Palavras são muito inofensivas em sua natureza. Permitem que você abuse delas; que brinque, destrua, desmembre e distorça-as.
É aí que mora o perigo. O que elas são capazes de fazer quando você se apropria delas. Ganham um poder espetacular, pois se juntam à retórica e ao estilo. Ao seu tom de voz. À sua letra. Ao seu conhecimento ou não sobre elas. Aí, elas pertencem a você. Esta é a relação mais apaixonada que existe: a das palavras com nós mesmos. Elas possuem uma ligação com a gente que pode nos enlouquecer...
Daí, as conseqüências são infinitas. Você pode se tornar tudo. Um gigolô das palavras, por exemplo, como o próprio Luis Fernando Veríssimo se define. Apenas as usa de acordo com sua vontade e se aproveita impiedosamente delas. Neste caso, você é um escritor muito do safado...
Outra alternativa é se tornar um bobo que tem medo delas. Não consegue escrevê-las, pronunciá-las, sussurrá-las ou lê-las. Muito menos cumpri-las, honrá-las, reformulá-las, desdizê-las ou mesmo estreitar as relações com elas... É com esse tipo de medroso que tenho me deparado ultimamente.
Quero crer, de todo o meu coração oco e sangrento, que sejam medrosos passageiros (não na minha vida, mas de um medo passageiro em si). Que sejam curados. E que nada deste medo tenha a ver com o caráter, mas, sim, com pura inabilidade mesmo.
Estes tipos de medrosos causam as maiores decepções na alma de pessoas como eu: os escravos das palavras. Aqueles que necessitam ouvi-las, senti-las, percebê-las nos olhos de quem nos fala; que necessitam vê-las se cumprindo.
As palavras são puras. Nós somos os corruptores.
Texto triste e chateado.
6 comentários:
E se quem (não) te fala, fala por silêncios?!
Não sofre tanto assim, podem ser formas diferentes de dizer que tu não ta acostumada ou desconhece.
(:
Descanso já para Naiarinha - (agridoce)
Beijos, querida
Lara
=]
ahhhhhh naaai! eu acho que to me perdendo nas palavras,a mame brigou comigo,pq eu to num tal de bla blá e tals....nossa se isso é uma virose é melhor eu calar a boca!
bjinhos com açúcar e com afeto!
eu já sabia que eu também era assim.
só não sabia descrever, se me perguntassem, o que é ser assim.
vou ter de andar com seu texto no bolso.
também sou fascinado por comunicação, isso me fere.
bom te ver,
grandes abraços.
Também sou um amante das palavras.
E as sua me encantam.
Volte! Desejamos mais.
Abraço, estudante de Letras.
"Bom te ver."
Gostei demais do quarto verde. Posso vir pular em cima da cama e fazer guerra de travesseiros de vez em quando? Um beijo.
Postar um comentário