sábado, 6 de setembro de 2008

A pureza dentro das palavras

Não é que eu tenha voltado. Muito menos que a vida ande menos agitada que o costume novo. Continuo trabalhando, estudando e sem o menor tempo pra pensar no quarto verde. Nem no próprio quarto verde, o que dá nome a esse espaço, eu tenho dormido. Mas posto aqui pela velha e insana necessidade de escrever, amados...
Tudo o que tem acontecido nestes últimos dias contribuem para este post. Desde experiências alheias até as minhas próprias, também alheias.
Não lembro se cheguei a comentar aqui que faço faculdade de Letras. Se não, está aqui informado. Guardem esta informação. Ela é fundamental para que vocês entendam a minha relação com as palavras.
Fato maior é que ando meio preocupada com as pessoas no mundo. As do meu mundo, claro... Não sei, mas parece que elas não andam mais atentando para o que falam, o que prometem, o que precisam cumprir, honrar...
É muito difícil para mim, um alguém que ama lidar com palavras na vida e na carreira, ouvi-las e não relacioná-las ao significado na minha vida e ao que elas vão me proporcionar como conseqüência.
Certo, as palavras são importantes. Mas para mim, chegam a ser sagradas. EU tenho um pouco de obsessão com comunicação e expressividade. Por isso, tomo o maior cuidado quando vou usá-las.
Palavras são muito inofensivas em sua natureza. Permitem que você abuse delas; que brinque, destrua, desmembre e distorça-as.
É aí que mora o perigo. O que elas são capazes de fazer quando você se apropria delas. Ganham um poder espetacular, pois se juntam à retórica e ao estilo. Ao seu tom de voz. À sua letra. Ao seu conhecimento ou não sobre elas. Aí, elas pertencem a você. Esta é a relação mais apaixonada que existe: a das palavras com nós mesmos. Elas possuem uma ligação com a gente que pode nos enlouquecer...
Daí, as conseqüências são infinitas. Você pode se tornar tudo. Um gigolô das palavras, por exemplo, como o próprio Luis Fernando Veríssimo se define. Apenas as usa de acordo com sua vontade e se aproveita impiedosamente delas. Neste caso, você é um escritor muito do safado...
Outra alternativa é se tornar um bobo que tem medo delas. Não consegue escrevê-las, pronunciá-las, sussurrá-las ou lê-las. Muito menos cumpri-las, honrá-las, reformulá-las, desdizê-las ou mesmo estreitar as relações com elas... É com esse tipo de medroso que tenho me deparado ultimamente.
Quero crer, de todo o meu coração oco e sangrento, que sejam medrosos passageiros (não na minha vida, mas de um medo passageiro em si). Que sejam curados. E que nada deste medo tenha a ver com o caráter, mas, sim, com pura inabilidade mesmo.
Estes tipos de medrosos causam as maiores decepções na alma de pessoas como eu: os escravos das palavras. Aqueles que necessitam ouvi-las, senti-las, percebê-las nos olhos de quem nos fala; que necessitam vê-las se cumprindo.
As palavras são puras. Nós somos os corruptores.
Texto triste e chateado.

6 comentários:

Lara Bitencourt disse...

E se quem (não) te fala, fala por silêncios?!
Não sofre tanto assim, podem ser formas diferentes de dizer que tu não ta acostumada ou desconhece.

(:

Descanso já para Naiarinha - (agridoce)

Beijos, querida

Lara

Funfas disse...

=]

HelianaBastos disse...

ahhhhhh naaai! eu acho que to me perdendo nas palavras,a mame brigou comigo,pq eu to num tal de bla blá e tals....nossa se isso é uma virose é melhor eu calar a boca!

bjinhos com açúcar e com afeto!

Lupe Leal disse...

eu já sabia que eu também era assim.
só não sabia descrever, se me perguntassem, o que é ser assim.


vou ter de andar com seu texto no bolso.
também sou fascinado por comunicação, isso me fere.



bom te ver,

grandes abraços.

Francisco Filho disse...

Também sou um amante das palavras.
E as sua me encantam.

Volte! Desejamos mais.


Abraço, estudante de Letras.

"Bom te ver."

Lulih Rojanski disse...

Gostei demais do quarto verde. Posso vir pular em cima da cama e fazer guerra de travesseiros de vez em quando? Um beijo.