terça-feira, 5 de agosto de 2008

Pelos cotovelos

Eu não gosto de falar. Confesso ser melhor ouvinte que locutora. Tá, os que me conhecem sabem que também não sou uma anti-social, tampouco tímida ou caladona. Mas sabem (se não, sabem agora) que detesto perder tempo em discussões inúteis ou explicações extensas. A última é por questões mais profundas... Um dia escreverei sobre minha aversão a explicações demais. Mas deixo já claro que elas me fazem sentir estúpida.
Devo me defender dizendo que adoro conversar e ouvir o que os outros têm pra dizer. Meu problema é o falar por falar. O desperdício de saliva e palavras. Antes o silêncio do que agüentar um falastrão. É a boa e velha história: não tem nada pra dizer? Pois bem, fique calado... É uma atitude elegante e admirável.
Primeiro: quando se fala muito, pouco se ouve. Vale inclusive para o ouvinte. Eu, por exemplo, já perdi a conta de quantas vezes deixei de prestar atenção em diálogos-monólogos, onde o linguarudo só espera a vez pra falar. Prestar atenção no feedback do ouvinte? Nem pensar... o tagarela, quando se dispõe a tagarelar (geralmente sobre si mesmo e sem a menor intimidade com os integrantes da rodinha), tagarela mesmo! Tem sempre opinião sobre tudo (e todos...) e a maioria delas não acrescentam coisas novas às discussões.
Não sei. Deve ser pura teimosia e birra minhas, mas quando estou em uma roda em que só um fala, não presto mais atenção na conversa. É meio controverso para quem diz ser uma ouvinte razoável, sei bem disso. Acontece que as palavras que escuto parecem tomar uma nova forma quando proferidas por um falante tagarela! Tipo: “blabláblá...”, ou um disco furado... Ou um disco de “blábláblá” furado! Vai ver foi um mecanismo de defesa que desenvolvi contra os empolgados com discursos...
E, por tudo isso, o verbo “falar” tem ganhado cada vez mais sinônimos negativos no meu vocabulário... As situações em que o verbo tem sido posto em prática ultimamente não têm sido agradáveis... Geralmente têm ganhado significados como “ato ou efeito de imitar papagaio” ou simplesmente “encher lingüiça”.
Ok, fiquem calmos, de repente é uma fase. O mundo precisa da fala, isso é óbvio. Sim, eu acredito na força do diálogo, nas conversas agradáveis, onde se aprende um com o outro. ISSO é comunicação saudável. Agora... sair falando pelos cotovelos que nem um desesperado, apenas na esperança de que te notem... é meio falta de amor. Amor ao próximo e amor-próprio também, claro que sim!
Para encerrar, aqui vai a prova de que não tenho talento para poesia, segundo um ex-professor meu de Literatura. Crianças, lembrem-se (se a carapuça servir): falem o necessário e escutem o máximo que puderem (nem que seja pra aprender o quanto e o que não se deve falar). Afinal, ter dois ouvidos e apenas uma boca não pode ser à toa, já diz minha avó...

O poema salva muitas
Situações constrangedoras
O difícil é achar rimas
Que se tornem duradouras
Num versinho infantil
Eu te faço um pedido
Seja um pouco mais gentil
Não maltrate o meu ouvido
Já esperei tu falar!
(e não falas coisa pouca)
Pois agora é minha vez:
Égua, porra... Cala a boca!

6 comentários:

Anônimo is burning disse...

Pois agora é a minha vez
Égua, porra... cala a boca!

HAUAHUAHAUA

Amei, nai!

cara, eu tive a pequena impressão que tu escreveste isso pra mim, né? Anda, confessa, sua bandida! heueheuehu

Mas esse texto, unicamente, tem como público alvo: PESSOAS EFUSIVOS!

ÇIMATA!

EU SÓ JANTO USANDO GRAVATA, BRÓDER!

Francisco Filho disse...

Levarei e serei. É o que desejo verdadeiramente.

Você está certa. Ainda que a colheita seja minha, o plantar acompanhado é muito melhor do que o plantar sozinho. E mesmo a menor semente torna-se fruto gigante quando estamos cercados de pessoas queridas.

Espero ter mais o que dizer nesta minha aventura.

Obrigado! =)

Francisco Filho disse...

Gostei do texto e do poema. Concordo e identifico-me. Somos de poucas mas suficientes palavras.

Anônimo is burning disse...

Ai, cara, eu achei que fosse pra mim porque, ainda que muitas críticas contidas no texto (pq sabemos que tem sim), eu sou super sensual, bróder!
Eu não suporto meio termo! Não mesmo! Mas quando é comigo, eu meio que sou manja?
Eu adoro falar muito e escutar mto. Mas fico mais com escutar mesmo...
Afinal o mundo tem muitas mudos. Assim eu fico neutro e respeito quem não pode falar, pra não fazer inveja e os homangeio só escutando. Pra ficar meio que na mesma situação, né?

Te amo, Nai!

carmim disse...

fiquei feliz com seu comentário...mas acho que o blogger acordou hoje de mau humor e resolveu apagar...mas tenho esperanças de que ainda volte.


gostei do quarto verde. sempre quis ter um quarto verde. na verdade, sempre quis ter quartos de várias cores. ainda não tive um verde. eu chego lá.

Lupe Leal disse...

é,
sinto exatamente a mesma coisa, às vezes.

me perdoe a ausência, mas já não tenho o tido o tempo que tinha há pouco tempo. mas vou aparecer e tirar meus atrasos relendo os antigos pois sei que gosto.

também não tenho tido o muito o que falar, escrever, sinceramente. acho que vou seguir seu conselho e ser silêncio por um tempo.

grandes abraços,
até.